Mas o que é o Centrão? Não há governo sem o legislativo.

O Brasil, que no ranking internacional sobre a percepção da corrupção, figura como um gigante corrupto, começou a dar sinais que novos tempos podem estar por vir. A prova disso foi a eleição no ano passado do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Mas, foi neste mesmo contexto que criado um termo bem confuso, Centrão. Agora, mais de um ano após estes acontecimentos, esse mesmo termo (eleitoreiro) representa um problem ao próprio governo eleito. Contudo, primeiramente é importante entender como o termo surgiu e o que ele significa.



Para os que acompanham o agora Presidente da República há mais tempo é fácil recordar, e perceber, a escalada do uso de termos políticos como Direita e Esquerda, até então, restritos a comentaristas e estudiosos políticos, nas ruas, em campanha. O povo em si, ainda hoje, não entende o que isso significa, mas no Brasil, há décadas políticos de esquerda (a maioria aproveitadores) dominam o espectro político e eleitoral. O brasileiro em si, também não entende isso, mas é majoritariamente de direita, e há décadas não era exposto a políticas públicas de direita até que a campanha do então deputado federal Bolsonaro se tornou uma realidade.

A eleição de 2018, como manifestação popular, hoje pode ser vista como arranjo único na história moderna do Brasil. Em raríssimas ocasiões a união de várias correntes verdadeiramente populares e não organizadas conseguem se combinar e eleger um Presidente. No entanto, houve também "perdas" nesse processo, a qualidade do debate político filosófico deteriorava-se cada vez mais e termos como Direita e Esquerda foram simplificados e reduzidos a meros slogans de campanha.

Então, de repente, o que tínhamos era a Esquerda, que representava a corrupção, ingerência, degradação e a Direita que representava o inverso das insatisfações do eleitorado brasileiro (E nem uma nem outra coisa é propriamente isso). Mas foi nisso que o candidato Bolsonaro apoiou sua retórica de campanha (De forma correta e acertada!). A questão era, "o anti-político" ao qual o povo aclamava, ainda precisava alocar a grande massa de políticos fisiológicos, que de fato não eram de esquerda (mas navegavam nessa onda, sem também nem entender o que era, como falado no primeiro parágrafo) mas precisavam (e ainda precisam) serem combatidos, e, a partir dali, também não se declaravam mais de esquerda.

Foi quando surgiu o termo "políticos de centro" (para mim, o fundo do poço). Sem saber o que são de fato Esquerda e Direita estabeleceu-se um novo espectro político, o centro, usado até mesmo na grande mídia "especializada" em política.

O passo seguinte, no meio dessa confusão eleitoral, foi incluir o termo Centrão, que já era usado desde a constituinte de 1988 para designar a massa de políticos que flutuam de acordo com a maré política, guiados por comoção, ocasião, oportunidade e até mesmo (e principalmente) por vantagens pessoas e até corrupção, os políticos fisiológicos, os que por muitas vezes estão e estiveram no meio de todos os esquemas/escândalos de corrupção da história recente do Brasil. Partidos inteiros até, como por exemplo o PMDB to ex-presidente Temer.

E assim chegamos a encruzilhada deste problema. Eleitos, formaram-se os grupos declarados "de direita", os "de esquerda" e a grande maioria, os "de centro". Agora, naturalmente, o parlamento nacional era majoritariamente "de centro" e como essa novo significado havia "pegado", do Centrão. De fato, muitos que ali foram eleitos eram políticos fisiológicos, independentemente do que eles achavam ou diziam ser/pensar (Por isso falei em vídeo o quão mais importante é votar bem para deputados/senadores/vereadores que para os outros cargos).

Todavia, esse era o congresso que havia sido eleito, e é com ele que o também presidente eleito deve governar. Incluir políticos de outros partidos e pensamentos em um governo executivo não é algo imoral ou errado, em todas as grandes democracias isso acontece e pode ser observado em países com modelos parlamentaristas (para mim o melhor modelo, pois tudo isso, a chamada "coalizão política" é transparente e institucional). No entanto, agora, no atual cenário brasileiro de 2019, isso torna os arranjos do governo um tanto quanto limitados/frágeis. O reflexo disso foi a reforma da previdência, inegavelmente uma grande vitória do governo e maior ainda para o país, mas que poderia ser ainda melhor.

O fato é que há ainda muito a ser melhorado/aprovado para tornar o Brasil um país mais moderno, competitivo, justo e seguro e isso passará, e deve, por acordos e negociações (observe que eu não falo de corrupção, políticos precisão de holofotes, precisam se sentir parte de um projeto, dar dinheiro para conseguir "coisas" é só o caminho mais fácil que há muito se pratica no Brasil) entre executivo e legislativo. A questão agora é como esse "impasse mexicano" será resolvido pelo governo.
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